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Penedo, colônia finlandesa onde canta o sabiá

Foi por uma época já muito distante que começaram a chegar, de carro-de-boi, os primeiros veranistas ansiosos por ver de perto que história era aquela de uma colônia finlandesa enfiada nas faldas das montanhas do Itatiaia. Hoje, Penedo é um dos principais destinos turísticos da região Sudeste do Brasil.

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Não foi sem luta encarniçada entre o intelecto e o coração que o agricultor Toivo Uuskallio acolheu o chamado divino para deixar sua pátria glacial e liderar uma centena dos seus no devaneio de viver uma vida nova, simples, natural, com amor e sem carne de vaca, sob o sol abundante do outro lado do mundo. E nem nos sonhos mais febris da madrugada poderia ele imaginar que de sua temência a Deus no fim das contas resultaria um dos mais importantes destinos turísticos da região Sudeste do Brasil.

A utopia devota de Toivo Uuskallio até resistiu algum tempo à realidade demasiado dura da imigração, aos apuros materiais e aos percalços demasiado humanos de tudo o que se tenta fazer nessa vida de extraordinário e de corpo coletivo; aos mosquitos, à dieta frugal e à inaptidão atávica do líder sonhador para o trato com as finanças. Mas, por fim, a “fase utópica” da colônia naufragou em terra firme pouco mais de dez anos após os primeiros finlandeses de Penedo desembarcarem no porto do Rio de Janeiro. Essa é afinal a natureza das utopias: elas nunca acertam mesmo onde miram, mas prestam aos homens o imenso favor de pô-los a dar passos adiante.

Toivo Uuskallio, idealizador da Colônia Finlandesa de Penedo.

E foi assim, caminhando de cabeça erguida, que os finlandeses de Penedo superaram a desilusão de ver sua terra prometida, a fazenda Penedo, esquadrinhada em 250 lotes de 14 hectares onde cada imigrante foi cuidar da própria vida, de dia, e lamber suas feridas, à noite. Exceto nas noites de sábado, quando tentavam esconjurar os tormentos da alma entregando o corpo à alegria solta dos bailes de polca e mazurca — como muitos fazem ainda hoje, no Baile Finlandês de Penedo, mas só nos primeiros sábados de cada mês.

O turismo em Penedo neste mundo de grandes contradições

Foi por uma época já muito distante que começaram a chegar, de carro-de-boi, os primeiros veranistas ansiosos por ver de perto que história era aquela de uma colônia finlandesa enfiada nas faldas das montanhas do Itatiaia. Entre as primeiras pensões familiares abertas para recebê-los, com reservas feitas por carta, e o anúncio recente dos planos para um Blue Tree Towers Penedo, com 160 quartos e “DNA de inovação e qualidade”, muita água passou entre as pedras do nosso lindo ribeirão.

E cá estamos, com a genética entranhada desta grande ironia do turismo tal e qual ele cumpre seu papel neste mundo de muitas contradições, que é a de homens e mulheres empenhando parte de seus salários para vir aqui se recompor das agruras que enfrentam pra ganhar o seu pão, e sobretudo a fim de recompor as forças para encarar os dias úteis outra vez, para poderem viajar outra vez. Bem-vindo a Penedo! Ou, como se diz em finlandês, Tervetuloa Penedoon!

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Em Penedo, uma brasileiríssima Parati com adesivo da Finlândia.

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