Museu Eva Hilden, um pedacinho da Finlândia em Penedo

Acervo vai da mala de madeira de uma família imigrante a um Nokia 6150, passando por obras de arte e artesanato que contam a história da colonização finlandesa de Penedo.

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Quando a imigrante Eva Hilden decidiu que parte de sua casinha em Penedo seria aberta à visitação, para mostrar aos turistas, orgulhosa, objetos trazidos da Finlândia, Marcus, seu marido, pregou no começo da estradinha de chão onde moravam uma placa mostrando a direção do “Museu da Eva”. O jornalista Gustavo Praça conta que, certa vez, caminhando perto dessa plaquinha, ouviu sem querer a conversa de um casal: “O que é que pode ter lá? — perguntou o homem, tentando demover sua consorte da ideia de perder tempo indo a um museu — A folha de parreira, a serpente, a espada do anjo e a maçã. Só!”.

Muitos anos depois deste curioso acontecido, em 1993, o pequenino museu foi doado por Eva e Marcus ao Clube Finlândia, deixando a estradinha de chão e se instalando na avenida principal, junto à sede social do clube, onde funciona até hoje, e hoje com o nome Museu Eva Hilden da Arte e da Cultura Finlandesa de Penedo. Ou simplesmente, ainda e eternamente Museu Finlandês da Dona Eva, em cuja porta muitos casais, famílias e grupos de turistas continuam deliberando se entram ou se não entram, como acontece todos os dias, aliás, na frente dos melhores museus do planeta, à exceção, talvez, dos que têm mais grife, como o Louvre, da Mona Lisa, ou o Museu Reina Sofia, em Madri, onde repousa a Guernica de Picasso.

Dona Eva Hilden recebendo turistas no Museu Finlandês de Penedo, em 1996.

Nokia 6150: peça do Museu Finlandês de Penedo

À porta do modesto, mas riquíssimo Museu Finlandês de Penedo não se nota mais a confusão quanto à natureza do seu acervo: não é mesmo sobre o Éden, por mais que ao seu pecúlio original tenham sido adicionados, ao longo dos anos, centenas de objetos que contam a história dos imigrantes que atravessaram o mundo para fundar seu próprio paraíso tropical, desde a mala de madeira que trouxe a mudança da família Tammela em 1930 ao artesanato de bucha do qual alguns finlandeses tiravam seu sustento, passando por pinturas em tela e pelas primeiras camisetas pintadas por colonos e vendidas a turistas, como uma em que se lê Mennään Penedoon — em português, “Vamos para Penedo”.

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Muitos itens da Finlândia moderna também fazem parte da coleção, como a carcaça de um Nokia 6150, um dos primeiros celulares fabricados pela mais famosa das empresas finlandesas (agora transformado, como se vê, literalmente em peça de museu). Dona Eva Hilden costumava dizer que a peça mais importante do acervo era ela própria, por causa das explicações que dava sobre tudo e do prazer com que ajudava a criar laços de empatia entre povos tão distantes. Dizia: “o Museu da Eva é um pedacinho da Finlândia em Penedo”.

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Busto de Toivo Uuskallio, fundador da Colônia Finlandesa de Penedo, no Museu Eva Hilden.

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